Exame ás varizes e electrocardiograma no mesmo dia. O dia em que me despi de todas as vergonhas, literalmente.

E quase que chorei.
Quem me conhece sabe que eu sou muito púdica e qualquer pedacinho de pele à mostra é razão para vestir gola alta logo a seguir. "O que é bom é para se mostrar" mas não é bem assim, comigo. Mesmo que não tenha nada à mostra sou assediada na rua e acho isso um nojo, creio que fiquei traumatizada. Os homens não o fazem com respeito e saber que muitos deles têm idade para serem meus pais ainda me mete pior. O dia em que um indiano me meteu a mão na perna à vista de todos foi o dia em que a quis cortar por me achar suja depois desse toque. Como também não tenho namorado é bastante difícil para mim mostrar qualquer coisa a um homem (ainda pior), é como se fosse o fim do mundo "oh meu Deus um homem".
Varizes, oh sim tenho-as e por isso achei que devia fazer um exame destes porque já me estou a ver velha com elas todas a sair-me pela perna fora e gostava de ter a confirmação certíssima de que são varizes e onde elas estão.
Já na clínica a senhora mandou-me entrar, despir os calções e os chinelos para calçar uns plásticos nos pés e ficar em cuecas para logo a seguir ser vista por um médico. Portanto eu ia estar de cuecas em frente a um homem que não conheço de lado nenhum, descalça a sentir o frio, sozinha. "Que maricas" damn yeah. Portanto estive um pouco sentada na maca à espera do senhor: "vou conhecer o médico pela primeira vez e vou estar de cuecas??" mas pronto assim foi.
"-Ponha-se de pé aqui em cima das escadinhas por favor".
Ele colocou o objecto na minha virilha da perna direita (eu estando na pose de diva, que quase me fez rir e o senhor sentado) "holy crepe onde é que ele está a meter aquilo e está frio". Já estava eu a fritar feita louca logo aos primeiros minutos. Para ver varizes mesmo que sejam só nos pés (como pensava que era o meu caso) começa-se a ver o assunto cá de cima das virilhas e vai para baixo. Foi apertando as minhas pernas para identificar as bixas do demónio no ecrã através da passagem do sangue - e ouve-se o coração tão alto como se fosse uma ecografia, que automaticamente me denunciou que estava nervosa (lol)-. Fez à outra perna e à parte de trás das duas. O doutor é jovem e tem um bom tom de voz, e ter feito conversa relaxou-me um pouco, mas quando me mandou virar de costas nesse momento lembrei-me que estava de boxeres e apanhei uma vergonha ainda maior. Tudo correu bem anyways. Depois de tudo acabar mandou-me limpar o gel (sim porque eles passam aquilo por cima do gel obviamente que fica por todo o nosso corpo), vestir e esperar lá fora.
À tarde fui fazer o exame ao coração.
"-Tens que tirar o soutien."
Acho que a minha alma me abandonou nesse momento. Eu que até tenho vergonha de andar de biquini na praia ia-me despir à frente de outra pessoa que não conhecia de lado nenhum. Eu juro que tive que me conter no meio da rua.
"-Que se lixe, se tiver uma doença no coração vou querer saber."
Lá fui ao gabinete da médica (ao menos era uma senhora valha-me a alma) e fiquei de calções com ventosas coladas ao corpo de roda do coração (com mais gel à mistura).

Portanto toda eu me despi hoje para estranhos. Holy crepe. Isto depois de ter passado fome de manhã para ir tirar sangue.
"Uma maricas" completamente. Cheguei à conclusão de que há coisas que têm que ser feitas quer queiramos ou não, nem que seja para nosso bem. Agora pergunto-me depois deste dia cheio de gel, qual vai ser a minha reacção na praia (se é que vou à praia este ano).


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